Alerta sanitário: perguntas e respostas sobre a gripe aviária que afeta aves 4b4142

GRNEWS nas Redes Sociais Facebook Twitter YouTube WhatsApp Instagram 6w619

O Brasil registrou recentemente seu primeiro caso de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja de aves destinadas à reprodução comercial, localizada em Montenegro, no Rio Grande do Sul. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou ser este o primeiro foco de IAAP detectado em um sistema de avicultura comercial no país.

Em nota oficial, o ministério ressaltou que a enfermidade não é transmitida por meio do consumo de carne de aves ou ovos. “A população brasileira e global pode manter a tranquilidade quanto à segurança dos produtos inspecionados, sem qualquer restrição para seu consumo. O risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é reduzido e, predominantemente, ocorre entre profissionais que lidam intensamente com aves infectadas (vivas ou mortas)”.

Desde a identificação do primeiro caso de IAAP em solo brasileiro, nações como China, União Europeia e Argentina impam suspensões iniciais de 60 dias às importações de carne de frango do Brasil. Embora o foco da doença seja localizado, as restrições comerciais, especialmente da China e do bloco europeu, estendem-se a todo o território nacional, conforme exigências de acordos comerciais vigentes com o Brasil.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, desde 2006, casos de IAAP têm sido reportados em diversas partes do mundo, com maior incidência na Ásia, África e norte da Europa.

A seguir, esclareça as principais dúvidas sobre a infecção, conforme avaliações da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas):

O que é a influenza aviária?
A influenza aviária, popularmente conhecida como gripe aviária, é uma patologia causada por vírus do tipo influenza que se originam em aves. Esses vírus pertencem à família Orthomyxoviridae e incluem o A(H5N1). Embora afetem primariamente aves, sua presença também foi detectada em mamíferos, como bovinos. A gripe aviária raramente afeta seres humanos, mas a recomendação é que a população se mantenha informada e adote as medidas preventivas indicadas.

Como ocorre a transmissão?
A via mais comum de introdução do vírus em uma região é através de aves selvagens que migram. O principal fator de risco para a transmissão do vírus de aves para humanos é o contato direto ou indireto com animais doentes ou com ambientes e superfícies contaminadas por excrementos ou outros fluidos corporais de animais. Atividades como depenar, manusear carcaças de aves infectadas e preparar aves para consumo, especialmente em ambientes domésticos, também podem ser consideradas fontes de risco.

Quais são os sintomas em humanos?
Os sintomas em humanos podem variar de leves – com alguns pacientes permanecendo assintomáticos – a graves. As manifestações mais frequentemente relatadas incluem febre, tosse, coriza, conjuntivite, sintomas gastrointestinais e dificuldades respiratórias.

Qual é o tratamento para a gripe aviária?
Medicamentos antivirais são aconselhados para indivíduos com quadros clínicos severos ou para aqueles que apresentam risco de desenvolver complicações graves devido a condições médicas preexistentes ou subjacentes, como idosos ou pessoas com doenças crônicas. A orientação é que indivíduos que manifestem sintomas de gripe aviária busquem contato com um profissional de saúde para obter o tratamento adequado.

Pessoas podem morrer de gripe aviária?
Sim, a ausência de imunidade prévia em seres humanos à gripe aviária pode levar a manifestações graves da doença. Contudo, a OMS ressalta que é complexo generalizar análises com base em dados históricos, dada a constante evolução do vírus. Desde 2003, foram notificados aproximadamente 900 casos humanos de infecção por A(H5N1), com uma taxa de mortalidade superior a 50%.

Existe uma vacina para gripe aviária?
A OMS realiza atualizações contínuas de vacinas em potencial com o intuito de se preparar para possíveis pandemias, o que contribui para assegurar a produção rápida de doses, caso necessário. Para o vírus H5N1 encontrado em vacas leiteiras, a entidade já dispõe de vacinas em potencial prontas por meio de seu Sistema Global de Vigilância e Resposta à Influenza. Em relação às vacinas para humanos, a OMS possui acordos com 15 fabricantes de imunizantes para ar cerca de 10% da produção em tempo real de uma futura dose contra a influenza, em cenário de pandemia. Essas vacinas, segundo a entidade, serão distribuídas aos países conforme o risco e a necessidade para a saúde pública.

A vacina contra a gripe sazonal protege contra a gripe aviária?
As vacinas atualmente disponíveis contra a influenza sazonal ou gripe comum não oferecem proteção contra a infecção humana pelo vírus da gripe animal, incluindo os vírus H5N1.

Quem corre risco de contrair a gripe aviária?
Conforme a Opas, o risco de infecção humana esporádica existe sempre que houver exposição a animais infectados (como aves domésticas, aves selvagens ou mamíferos) ou a ambientes contaminados onde os vírus da gripe aviária circulam. Casos humanos de gripe aviária associados ao vírus A(H5N1), segundo a entidade, são isolados. Ao longo dos últimos anos, aproximadamente 70 infecções humanas foram reportadas na região das Américas, sendo 67 nos Estados Unidos (até abril de 2022), uma no Equador (janeiro de 2023), uma no Chile (março de 2023) e uma no Canadá (novembro de 2024), com uma morte associada à infecção nos Estados Unidos. A maioria dos casos está relacionada ao contato com a criação de gado (40 casos, todos nos Estados Unidos) ou aves. A transmissão entre humanos não foi identificada em nenhum desses cenários.

É seguro consumir ovos e frango de áreas com surto em animais?
Carnes e ovos podem ser consumidos com segurança, desde que preparados de maneira adequada. O consumo de carne e ovos crus ou mal cozidos provenientes de áreas com surtos de gripe aviária é de alto risco e deve ser evitado. Da mesma forma, animais doentes ou que morreram inesperadamente não devem ser consumidos.

Como preparar carne e ovos com segurança?
A OMS recomenda seguir cinco diretrizes específicas para a preparação segura de alimentos:

Mantenha o ambiente limpo.
Separe alimentos crus dos cozidos.
Garanta um cozimento prolongado.
Mantenha os alimentos em temperaturas seguras.
Utilize água e matérias-primas seguras.
É seguro beber leite de vacas infectadas?

Grandes quantidades do vírus A(H5N1) foram detectadas no leite cru de rebanhos infectados. O consumo e manuseio do leite em meio à transmissão da doença estão sob investigação pela OMS. Produtos lácteos elaborados com leite que seguem rigorosos padrões de higiene devem ser considerados seguros para consumo. A OMS e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) recomendam enfaticamente o consumo de leite pasteurizado, visto que a pasteurização é um método eficaz contra o vírus e outros patógenos. Estudos da Food and Drug istration (FDA) sobre pasteurização também apresentaram resultados promissores. A OMS, no entanto, alerta que algumas amostras comerciais de leite pasteurizado nos Estados Unidos continham fragmentos de vírus. Contanto que o leite contenha apenas fragmentos virais e não o vírus vivo ou em sua forma infecciosa, ele é considerado seguro para consumo. Para trabalhadores da indústria leiteira, atividades que envolvem o manuseio do leite de rebanhos infectados, como ordenhar vacas ou limpar a sala de ordenha, podem aumentar a chance de infecção. Portanto, esses profissionais devem seguir as medidas preventivas recomendadas.

E quanto ao queijo e outros laticínios?
Laticínios produzidos com leite pasteurizado e que cumprem rigorosos padrões de higiene são considerados seguros para consumo. No caso do queijo de leite cru, a persistência do vírus durante a produção está sendo investigada. Por precaução, a fabricação de queijo de leite cru em áreas com surtos não é aconselhada.

A carne bovina foi afetada? É seguro consumir carne de animais afetados?
Não foram registrados casos de detecção em rebanhos de gado de corte. A OMS recomenda o cozimento completo da carne para diminuir a exposição a patógenos.

O que tem sido recomendado para prevenir ou controlar surtos de gripe aviária em animais?
Os países devem dispor de um plano de contingência abrangente e atualizado para surtos. Recomendações específicas para esses planos podem ser obtidas de organizações como a Food and Drug istration (FAO) e a Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH). Equipes envolvidas na vigilância e na resposta à gripe animal precisam ser capacitadas para implementar esses planos em situações de emergência, além de receber os recursos necessários. Também é fundamental que os produtores de aves reforcem as medidas de biossegurança em suas instalações, evitando o contato entre aves domésticas e selvagens, inclusive por meio de água e ração. A OMS ainda enfatiza que os produtores desempenham um papel vital na detecção precoce da doença e devem ser capazes de reconhecê-la e notificá-la às autoridades veterinárias, para que a gripe aviária possa ser descartada ou confirmada e medidas apropriadas sejam tomadas. A detecção precoce facilita uma resposta rápida, contribuindo para reduzir a disseminação do vírus. Indivíduos ou famílias que criam aves para consumo pessoal também devem estar bem informados sobre como identificar uma ave infectada, quais ações tomar e como se proteger adequadamente.

Gatos são afetados pela gripe aviária? Existe risco para humanos que criam gatos?
Gatos são suscetíveis ao H5N1, incluindo animais de estimação e felinos selvagens, como tigres, leões e leopardos. Os fatores de risco para gatos incluem exposição a aves enfermas ou mortas, o consumo de aves cruas infectadas ou a ingestão de leite cru. Gatos infectados podem desenvolver sintomas graves e vir a óbito em decorrência da doença. Estudos sugerem que pessoas podem transmitir o vírus da gripe sazonal aos gatos, mas o risco de transmissão para humanos, por meio de gatos infectados, é classificado como baixo. A OMS, no entanto, aconselha evitar o contato com animais doentes ou mortos e manter hábitos de higiene ao manusear animais de estimação.

Por que a vigilância animal e a detecção precoce de casos são importantes?
Uma vigilância eficaz da presença de influenza aviária em animais, incluindo aves e mamíferos, fornece informações sobre os subtipos de influenza em circulação. Esse processo também permite a detecção de vírus com maior potencial zoonótico, ou seja, que possivelmente apresentem alterações genéticas que podem resultar em maior capacidade de transmissão de humano para humano, o que é de suma importância para a saúde pública. A detecção precoce também possibilita que os países implementem ações de resposta rápidas para mitigar o risco de transmissão do vírus para humanos. Com informações da Agência Brasil.

PUBLICIDADE
[wp_bannerize_pro id="valenoticias"]
Don`t copy text!