Desmatamento no Brasil recua mais de 30% em 2024, mas Cerrado lidera perdas 6o101p

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O desmatamento no Brasil apresentou uma retração significativa em 2024, com redução de 32,4% na área devastada e de 26,9% no número de alertas de desmatamento em relação ao ano anterior. Os dados fazem parte do Relatório Anual do Desmatamento (RAD), divulgado ontem (14) pelo Mapbiomas. Ao todo, foram desmatados 1.242.079 hectares no país e registrados 60.983 alertas de desmatamento.

Cinco dos seis biomas brasileiros tiveram diminuição das áreas desmatadas, com destaque para Pantanal e Pampa, que lideraram a redução percentual. A exceção foi a Mata Atlântica, onde o índice se manteve praticamente estável, com leve aumento de 2% em comparação com 2023.

Pantanal e Pampa puxam queda; Mata Atlântica resiste por eventos extremos
O Pantanal apresentou a maior redução proporcional, com queda de 58,6% no desmatamento, seguido pelo Pampa, com 42,1%. O Cerrado aparece na terceira posição, com retração de 41,2%, seguido pela Amazônia (16,8%) e pela Caatinga (13,4%). A Mata Atlântica, por outro lado, teve crescimento discreto devido, segundo o Mapbiomas, a eventos climáticos extremos que causaram perda de vegetação nativa, especialmente no Rio Grande do Sul.

“Sem a influência dos eventos climáticos extremos, o desmatamento teria sido 20% menor”, afirmou Tasso Azevedo, coordenador geral do Mapbiomas.

Cerrado segue como o bioma mais desmatado pelo segundo ano seguido
Mesmo com a retração nos números, o Cerrado manteve-se como o bioma com maior área desmatada no país em 2024, com mais de 652 mil hectares de vegetação nativa perdidos — mais do que a Amazônia, que historicamente liderava esse ranking. A mudança começou em 2023 e se confirmou neste ano, reforçando o alerta para a conservação do bioma, especialmente na região do Matopiba.

Matopiba concentra quase metade da perda de vegetação nativa
A região do Matopiba — formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — concentrou 42% de toda a perda de vegetação nativa no país em 2024. No Cerrado, essa região foi responsável por 75% da devastação registrada. Já a Amacro, polo agropecuário que abrange Amazonas, Acre e Rondônia, teve queda de 13% na área desmatada.

Estados do Nordeste e Norte lideram destruição
Cinco estados — Maranhão, Pará, Tocantins, Bahia e Piauí — responderam por 65% de toda a área desmatada no país. Maranhão liderou individualmente, com 17,6% do total, seguido por Pará (12,6%) e Tocantins (12,3%). Em contrapartida, Goiás, Paraná e Espírito Santo apresentaram reduções superiores a 60%.

Mata Atlântica perde área por fenômenos climáticos no Sul
O Rio Grande do Sul foi destaque negativo ao registrar aumento no desmatamento, impulsionado por eventos climáticos extremos entre abril e maio. Somente nesse período, foram 627 alertas e 2.805 hectares de vegetação nativa perdidos na Mata Atlântica. Segundo Natália Crusco, pesquisadora do Mapbiomas, os Pampas não foram afetados, concentrando a perda no bioma atlântico.

Mais da metade dos municípios teve ao menos um alerta de desmatamento
Cerca de 54% dos municípios brasileiros tiveram registros validados de desmatamento em 2024. No Piauí, os municípios de Canto do Buriti, Jerumenha, Currais e Sebastião Leal foram os que tiveram os maiores aumentos proporcionais.

Terras indígenas e unidades de conservação têm redução
As terras indígenas tiveram uma queda de 24% no desmatamento, totalizando 15.938 hectares — o que representa 1,3% do total nacional. A Terra Indígena Porquinhos dos Canela-Apãnjekra, no Maranhão, liderou entre as áreas protegidas, com 6.208 hectares desmatados, número 125% superior a 2023. As Unidades de Conservação também apresentaram retração: 42,5% a menos de perda vegetal em relação ao ano anterior, com a APA Triunfo do Xingu (PA) sendo a mais impactada, com 6.413 hectares.

Autorização para desmate segue elevada, sobretudo no Cerrado
Em 2024, 43% da área desmatada teve algum tipo de autorização formal. No Cerrado, esse número chegou a 66%, enquanto na Amazônia ficou em 14%. Segundo Marcondes Coelho, do Instituto Centro de Vida, o Maranhão, estado com maior área desmatada, é também o que menos disponibiliza dados transparentes sobre autorizações e fiscalizações ambientais.

Pressão agropecuária responde por quase todo o desmatamento
De acordo com o Mapbiomas, mais de 97% da vegetação nativa perdida no país desde 2019 tem origem em pressões agropecuárias. Nos últimos seis anos, o Brasil perdeu quase 10 milhões de hectares de vegetação nativa, sendo a maior parte concentrada na Amazônia Legal. Com informações da Agência Brasil

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