Desinformação supera mudanças climáticas como maior risco global, alerta Unesco g681a
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A desinformação se tornou a principal ameaça mundial para 2025, superando até mesmo desafios como mudanças climáticas, crises ambientais, migrações, violência e terrorismo. A constatação é de Tawfik Jelassi, vice-diretor-geral de Comunicação e Informação da Unesco, que esteve recentemente no Brasil para participar do Seminário Internacional Cetic.br 20 anos.
Durante entrevista, Jelassi reforçou que os países ainda estão despreparados para lidar com a propagação de conteúdos falsos e que essa vulnerabilidade amplia os impactos negativos da desinformação. “Ela é o maior risco global atualmente e continuará sendo nos próximos anos”, afirmou. Para enfrentar o problema, ele propõe um pacto internacional, envolvendo regulamentações nacionais e ações conjuntas entre governos e empresas de tecnologia.
Responsabilidade das plataformas digitais
Segundo Jelassi, cabe às empresas que operam plataformas digitais assumir a linha de frente no combate à desinformação. “Essas empresas não respeitam fronteiras nacionais. São globais. Precisamos de uma resposta igualmente global para enfrentá-las”, disse. Ele defende a criação de legislações específicas em cada país, mas destaca que o enfrentamento eficaz só será possível por meio de cooperação internacional.
O especialista mencionou estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), segundo o qual mentiras se propagam dez vezes mais rápido que a verdade. “Uma vez espalhada, a mentira já causou danos. Por isso, o combate deve ser preventivo”, ressaltou.
Regulação ética da inteligência artificial
Jelassi também destacou o protagonismo da Unesco ao antecipar discussões sobre a ética no uso da inteligência artificial (IA). Desde 2018, a organização tem promovido debates globais e elaborado diretrizes sobre o uso responsável dessa tecnologia. O resultado mais expressivo foi a aprovação, em 2021, de uma recomendação internacional sobre a ética na IA, hoje implementada por 70 países, incluindo o Brasil.
“A IA pode ser usada tanto para o bem quanto para o mal. É preciso garantir que ela atue a favor da humanidade, respeitando a dignidade, a privacidade e os direitos humanos”, alertou.
Transformação digital no setor público
Nos dias 4 e 5 de junho de 2025, a Unesco promoverá uma conferência internacional em Paris para discutir a transformação digital no setor público. O evento reunirá representantes de vários países para debater como governos podem usar tecnologias digitais, especialmente a inteligência artificial, para melhorar os serviços oferecidos à população.
Um dos pontos centrais será o investimento em capacitação de servidores públicos. “Em muitos lugares, falta competência técnica para aplicar a transformação digital. Isso precisa estar no centro das políticas públicas”, afirmou Jelassi.
Moderação de conteúdo e modelo de negócios
O executivo criticou o modelo de negócios de algumas plataformas digitais, que, segundo ele, acabam favorecendo a circulação de conteúdos enganosos por gerar maior engajamento e lucro. “Mentiras atraem mais atenção e, consequentemente, mais anúncios. Isso se traduz em mais receita para as plataformas”, afirmou.
Como exemplo de uma plataforma que tem conseguido conter conteúdos tóxicos, Jelassi citou o LinkedIn, que, segundo ele, oferece um ambiente virtual livre de discurso de ódio e desinformação. Isso demonstra, segundo o especialista, que é possível aplicar moderação eficaz e preservar o espaço digital.
Tecnologia como força para o bem
Jelassi reforçou que a tecnologia, embora neutra por natureza, precisa ser orientada para fins positivos. Ele apontou aplicações bem-sucedidas da IA em áreas como saúde, agricultura e combate às mudanças climáticas, mas enfatizou que o uso ético e transparente é essencial para que esses avanços não sejam ofuscados pelos danos da desinformação. Com informações da Agência Brasil